quarta-feira, junho 28, 2006

Observatório da China



Com o objectivo de contribuir para a reflexão, o estudo e a investigação do passado e do presente da China, foi criado o Observatório da China – Associação para a Investigação Multidisciplinar de Estudos Chineses.

Individualmente ou em parceria com estruturas nacionais e internacionais de estudos chineses, pretendemos organizar uma série de actividades, tão descentralizadas quanto possível, que contribuam para a divulgação do conhecimento sobre a China, prioritariamente em Portugal.

Entre as iniciativas a desenvolver, podemos destacar:

• organização de conferências e workshops de sinologia;
• realização e publicação de estudos e relatórios periódicos sobre a China;
• promoção de eventos culturais;
• constituição de uma base de dados de especialistas nacionais em assuntos chineses;
• criação de um fórum de discussão.

A título de exemplo, refira-se que são associados honorários da nossa Associação: Zhang Yunling (Director do Departamento da Ásia-Pacífico da Academia Chinesa das Ciências Sociais), Wang Gungwu (Director do Instituto da Ásia Oriental da Universidade Nacional de Singapura), Jean Philippe-Béja (Sinólogo do CNRS/CERI) e Sebastian Bersick (European Institute of Asian Studies).

São Membros Fundadores, por ordem alfabética:

Carmen Amado Mendes
Dora A. E. Martins
Jorge Tavares Silva
Renato Roldão
Rui d’Ávila Lourido
Rui Pedro Pereira
Zélia Breda

Se estiver interessado em saber mais sobre as actividades do Observatório da China (OC), nomeadamente como se tornar associado, por favor escreva para o seguinte e-mail: geral@observatoriodachina.org

O OC vai ser apresentado publicamente no próximo dia 5 de Julho (quarta-feira). Aqui vai um convite a todos os interessados nos assuntos da China:

domingo, junho 25, 2006

A Cultura Tradicional Chinesa



A cultura tradicional chinesa está num crescendo de popularidade, não só na China como no resto do mundo. Actualmente, cerca de 40 Institutos Confúcio, por promoção do governo chinês, estão implantados em diversas partes do mundo visando promoção das tradições ancestrais.

Quando se fala da “cultura tradicional chinesa”, compreende a cultura académica, incluindo filosofia, história, arqueologia, literatura e linguística. A expressão nasceu no início do século XX, para distinguir a cultura chinesa das culturas ocidentais. Para os cidadãos comuns, a cultura tradicional chinesa está intimamente ligada ao Confucionismo e ao Tauismo, porque têm servido como uma espécie de religião ao longo de milhares de anos. Desde o último século, as tradições cairam em desgraça. A Revolução Cultural (1966-1976) esmagou todas as ideologias e religiões. Durante este período, o Confucionismo e o Tauismo foram criticados e abandonados.

Com o período de reformas e abertura, iniciado nos finais de 1970, a China recupera o interesse pela cultura antiga. Sobretudo a partir da década de 90, a China acorda verdadeiramente no interesse pelo passado. As crianças começam a estudar os livros clássicos, como o Livro dos Analectos, Three-Character Classic, Lao Zi e Zhuang Zi. Em simultâneo, as universidades têm direcionado os seus estudos para a abordagem cultural, enchendo milhares de alunos de entusiasmo com o conhecimento das suas raízes.

Ver um trabalho desenvolvido sobre esta matéria em Beijing Review

sexta-feira, junho 23, 2006

Associação Portugal-China



Parabéns e bem-vinda a Associação para a Cooperação Cultural Portugal-China, que ontem foi apresentada publicamente na Universidade de Aveiro.
Constituída em Maio passado, congrega elementos chineses e portugueses, com o objectivo de promover o intercâmbio cultural entre os dois países.

A iniciativa vai integrar um programa de actividades relacionado com a cultura chinesa. A apresentação contou com a projecção de um filme com imagens da China, a interpretação de músicas chinesas, a demonstração de Tai Chi Chuan e a actuação de um grupo de estudantes portugueses a cantar em Chinês.



O público teve a oportunidade de ouvir melodias antigas chinesas reproduzidas ao piano pela pianista chinesa Shao Ling, docente da Universidade de Aveiro, vencedora de diversos concursos portugueses (interpretação de piano) e que conta no seu currículo com numerosos recitais em Portugal, Irlanda, Holanda, França e Itália.

O evento contou ainda com a presença da cantora Lu Xiao Peng, que domina a técnica tradicional chinesa de canto e que apresentará canções tradicionais de varias zonas da China, bem como do investigador chinês Dr. Xiao Jin ZHong, do Departamento de Engenharia Cerâmica e do Vidro da Universidade de Aveiro, que executou duas peças musicais no tradicional instrumento chinês Erhu. O concerto musical concluiu a participação de um grupo de estudantes portugueses, do Departamento de Línguas e Culturas, que cantou algumas canções chinesas.

Finalmente, foi feita uma breve demonstração de Tai Chi Chuan do estilo Chen, o estilo mais antigo desta arte marcial chinesa, pelo Mestre Xié Yingjian, da 12ª geração do Estilo Chen, discípulo do actual representante deste estilo, o Mestre Chen Xiao Wang.

Relações Internacionais nº10 (IPRI)



A ressurgência da ChinaO Futuro das Relações entre a China e a Europa: Oportunidades e Desafios
Ma Zhengang

A Parceria Estratégica China-UE: Origens e Perspectivas
Xing Hua

A Nova Política da China em ÁfricaRui. P. Pereira

China: Uma Emergência Pacífica?Dora A. E. Martins

A China, os Estados Unidos e o 11 de Setembro
Carlos Gaspar

Relações entre Portugal e a República Popular da China
Bernardo Futscher Pereira

Declaração Conjunta dos Governos da República Portuguesa e da República Popular da China sobre o Reforço das Relações Bilaterais

Comunicado de Imprensa Conjunto entre a República Popular da China e a República Portuguesa por Ocasião da Visita do Presidente da República Portuguesa à China

Segurança Internacional e Proliferação Nuclear
Coreia do Norte, Anarquia e Poder Nuclear
Nuno Santiago de Magalhães

O que faz correr Teerão?
José Luís Alves

Nos 70 Anos da Guerra Civil de Espanha
A Historiografia sobre a Guerra Civil Espanhola no Inicio do Século XXI: Entre a Política e a RenovaçãoHugo Garcia

Carta de Telavive
A Herança de Sharon
Ana Santos Pinto


Recensões

O Monstro de Mao, Carlos Gaspar
Jung Chang e Jon Halliday. Mao. The Unkown Story. Londres, 2005, Cape, 832 páginas.

Os Caminhos da Invasão Chinesa, Francisca Gorjão Henriques
Ted C. Fishman. How the Rise of the Next Superpower Challenges America and the World. Scribner International, 2005, 352 páginas.

A Democracia nas Américas, Carmen Fonseca
Seymour Martin Lipset e Jason M. Lakin. The Democratic Century. University of Oklahoma Press, 2004, 478 páginas.

Guerra sem Intelligence, Pedro A. R. Esteves
Jonh Keegan. Espionagem na Guerra - Conhecer o Inimigo, de Napoleão à Al-Qaeda. Lisboa, Tinta da China, 2006, 475 páginas.

Identidade e Poder. A Superpotência e o Futuro da Estrutura Institucional, Manuel Castro e Almeida
Barry Buzan. The United States and the Great Powers: World Politics in the Twenty-First Century. Polity Press, 2004, 222 páginas.

Relações Internacionais n.º 10

A China no Mundo

'China and Angola Strengthen Bilateral Relationship'

China appears on the horizon of the Arab world

China’s Portuguese Connection

quarta-feira, junho 21, 2006

Angola na mira chinesa



O Primeiro Ministro Chinês, Wen Jiabao, num périplo por varias nações africanas, detentoras de apetitosos recursos naturais, está a dedicar uma atenção especial a Angola. Este país tem um papel fundamental na estratégia de Pequim, tendo muito recentemente suplantado a Arábia Saudita como principal fornecedor de petróleo à China. Por sua vez, Angola, numa estratégia "voltada ao Oriente", aguarda pelos fundos chineses que ajudem a reconstruir o país e a recuperar a economia, após a devastadora guerra civil terminada em 2002. A linha de crédito concedida pelos chineses não tem os mesmos requisitos que outros parceiros, nomeadamente o Fundo Monetário Internacional, o que só facilita a corrida chinesa ao ouro negro.


A águia enfraquecida


A realização da última edição da Organização de Cooperação de Xangai (OCX), parece ter despoletado uma discussão sobre a intencionalidade desta instituição na cena internacional. Alguns defendem que esta pretende afirmar-se como a NATO do Oriente, descambando o mundo numa nova polaridade de forças. Pequim desmente esta ideia veementemente. O que parece certo é que, enquanto os norte-americanos brincam às guerras no Iraque, a China e a Rússia ganham raízes na Ásia Central, para melhor poderem beber nos poços do petróleo e, simultaneamente, afastarem as garras da águia americana na região. A presença da Índia e do Irão, como observadores, na referida organização, para azia de Washington, são o melhor exemplo da postura independente e desafiadora dos países da OCX.

segunda-feira, junho 19, 2006

A Aliança China-Irão



Na próxima quinta-feira a China vai receber o presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad, cujos propósitos passam por tentar estreitar relações com a China, com vista ao reforço da sua posição face aos Estados Unidos.

Nos últimos anos foram realizados grandiosos projectos de cooperação entre os dois países. A China tem no Irão um parceiro estratégico de altíssima importância para a obtenção de recursos energéticos. Em contrapartida, o Irão procura na China uma alegoria diplomática que lhe permita vetar uma eventual tentativa dos americanos em imporem sanções ao seu país, no quadro da Nações Unidas (devido à questão nuclear).

Será que a China e o Irão poderão desenvolver uma aliança para travar os Estados Unidos?

A situação é delicada, mas parece que a China não vai ofender a política externa americana, por tudo o que está em jogo entre os dois países. Parece-me mais que a China irá manter uma política triangular, sem ofender nenhum dos lados, porque “enquanto os cães ladram a caravana passa”, em nome da economia…

sábado, junho 17, 2006

O Complexo de Di


O escritor chinês Dai Sijie, a viver em França desde 1984, é autor do aclamado livro Balzac e a Costureirinha Chinesa – traduzido em 35 países e adaptado ao cinema pelo próprio autor. Agora, em O Complexo de Di, romance vencedor do prémio literário francês Femina (2003), o escritor volta a juntar com mestria a cultura chinesa e francesa.
O livro narra as peripécias de Muo, um tímido chinês, quarentão, que depois de passar dez anos na França a estudar psicanálise, decide voltar à China para salvar da prisão uma antiga colega de universidade, um grande amor da juventude, que fora condenada pelo terrível Juiz Di por divulgar fotos proibidas.

Boa leitura!

segunda-feira, junho 12, 2006

Armas por petróleo



Num relatório hoje publicado pela Amnistia Internacional é feito um retrato negro da China, aparecendo como instigadora de conflitos, da violência criminal e violações dos direitos humanos em países como o Sudão, Nepal, Birmânia e África do Sul. Em jogo está a troca de milhões de dólares de armamento pelo livre acesso a matérias-primas vitais à alimentação do crescimento económico chinês. O relatório aponta também responsabilidades a algumas empresas ocidentais que estão envolvidas na produção de armamento e, naturalmente, a fomentar este tipo de negócios.


A China emerge como uma das maiores exportadoras mundiais de armamento, grande parte encoberto pelas autoridades de Pequim. Há oito anos que a China não publica informação sobre esta matéria, e não envia informação ao Registo de Armas Convencionais da ONU.


O referido relatório aponta os seguintes casos como instigadores de conflito:

• Mais 200 camiões militares chineses, dotados de motores americanos, vendidos ao Sudão, em Agosto de 2005;
• Armamento convencional vendido à Birmânia, incluindo 400 camiões ao exército birmanês, em Agosto de 2005;
• Exportação de 25 000 espingardas chinesas e 18 000 granadas ao Nepal, entre 2005 e inícios de 2006;
• Um aumento do comércio ilícito de pistolas chinesas Norinco.


Com estes dados ficamos a perceber como a avidez chinesa pelos recursos energéticos está a fomentar conflitos armados em muitos países do mundo, sobretudo nas coordenadas asiáticas.

domingo, junho 11, 2006

Tsu-Chu



Com a febre da bola no ar, aqui vai uma pequena história sobre a origem do desporto mais famoso do mundo.

Muitos são os países que reclamam a origem do futebol. Entre eles, claro, está a China. Ao que parece, durante a dinastia Xia (cerca de 2200 a.C.)os guerreiros praticavam um jogo macabro (Tsu-Chu) que lhes servia de treino - divididos em equipas de oito elementos passavam, de pé para pé, a cabeça de um inimigo. O objectivo era passá-la por entre duas estacas espetadas no chão. Quem mais o fizesse, mais pontuava e ganhava o jogo. Belo começo...

sexta-feira, junho 09, 2006

A voz dos conservadores



A abertura económica chinesa é entendida na China como um processo irreversível. Este é, pelo menos, o entendimento da ala reformista do aparelho do partido. No entanto, há um conjunto de novas problemáticas que têm fomentado os argumentos dos conservadores.

Entre essas questões estão: o crescente controlo das empresas estatais por organizações estrangeiras; o aumento das desigualdades sociais; o atraso na entrega de fundos das empresas (nacionais e estrangeiras) ao Estado; os crescentes monopólios criados pelas multinacionais.

Mais do que nunca, é importante que a economia chinesa prossiga no sentido do crescimento e desenvolvimento económico, para evitar acordar os fantasmas adormecidos...

segunda-feira, junho 05, 2006

Tiananmen - 17 anos depois



Hong Kong foi o único local na China onde foram rendidas homenagens às vitimas do massacre de Tiananmen, que ocorreu no dia 4 de Junho de 1989, há precisamente 17 anos. Na altura, os tanques do exército reprimiram brutalmente uma revolta democrática dos estudantes de Pequim, tendo morrido cerca de duas mil pessoas. (talvez mais!)

Milhares de manifestantes acenderam velas no parque Victoria e mantiveram-se em silêncio durante alguns instantes. De seguida, cantaram um hino à democracia, enquanto os organizadores colocaram coroas de flores simbólico dedicado a todos os que tombaram naquele fatídico dia.

Enquanto a China passa mais este aniversário sem permitir qualquer manifestação, algumas regiões semi-autónomas como Macau e Hong Kong vão dando jus ao principio - «um país, dois sistemas»...

domingo, junho 04, 2006

Para negociar na China



Fruto da experiência de muitos anos vividos na China, Virgínia Trigo propõe neste livro uma visão conhecedora sobre os principais aspectos da economia, da política mas, sobretudo, das particularidades culturais dos chineses. Indispensável para quem pretende negociar na China!

Fala o roto do remendado



“Cada época deixa mais traços dos seus sofrimentos do que da sua felicidade: são os infortúnios que fazem a história”

Johan Hiuzinga (historiador holandês)



Nas últimas semanas, o folhetim sino-joponês deu ao mundo mais algumas páginas das suas infindas e agridoces relações. Em várias cidades chinesas, sobretudo em Shengzen, uma zona económica especial junto a Hong Kong, e em Pequim, chorrilhos de chinos saíram à rua, aparentemente enfurecidos, a gritarem palavras de ordem contra os nipónicos. Durante o cortejo, alguns manifestantes queimaram bandeiras japonesas e arremessaram pedras a edifícios e lojas adstritas àquele país, perante o olhar letárgico da polícia. Entre a berraria ouvia-se, claramente, “[V]iva a China, abaixo os porcos japoneses”. Enquanto isso, as câmaras da comunicação social, para gáudio da tropa-fandanga, registavam todos os momentos, e sempre que a objectiva se direccionava para um determinado ponto, inflamava-se o tropel. Terminado o cortejo, felizes, regressaram todos a casa, sem deixar esconder, no entanto, um sorriso nos lábios.
No centro da polémica, desta vez, está a omissão nos manuais escolares do país vizinho dos massacres cometidos pelas tropas nipónicas, na década de trinta, em território chinês. As preterições das atrocidades cometidas pelos japoneses – só em Nanquim foram mortos cerca entre 50 000 a 300 000 civis chineses – conduziram às manifestações nacionalistas. Será mesmo assim, ou tratou-se de mais uma patranha das autoridades de Pequim? Como é que uma lacuna de um manual de história, da responsabilidade de um simples editor, quando sabemos que existem mais manuais, pode despoletar tamanha algazarra? Por outro lado, sabe-se que estes tipos de manifestações são, essencialmente, perpetradas por estudantes. Acontece que, em algumas das cidades que assistiram ao desvario nacionalista, não há vestígios de universidades por perto. Alem disso, e principalmente, num país em que a policia não deixa “dar um ai”, como é que permite que uma autêntica fanfarra faça tamanho desacato? Não é preciso muito para perceber que o que nos é dado aponta para uma questão política e estratégica muito mais densa. A dimensão e o radicalismo das manifestações – só em Pequim saíram à rua 10 000 manifestantes – assemelharam-se mais a uma encenação orquestrada pela propaganda chinesa do que a um genuíno movimento social.
Em primeiro lugar, é importante perceber que a ascensão económica da República Popular da China (RPC) tem conduzido a um novo reajustamento de forças na Ásia e à pretensão de esta se afirmar como a maior potência da região. Durante décadas este país soube afirmar-se como uma potência geopolítica, mas no campo económico não passou duma nulidade. Foi o Japão, com a conivência americana que desempenhou, após a Segunda Guerra Mundial, um lugar de destaque na Ásia e um papel importante no mundo. Hoje, a China pretende ocupar este lugar.
Se do ponto de vista económico as relações entre a China e o Japão parecem estar bem encaminhadas, no domínio político os diferendos estão a agudizar-se. A recente ambiguidade dos nipónicos no tratamento da questão de Taiwan, não deixou satisfeitas as autoridades de Pequim. Além disso, a continuada disputa pela soberania de pequenas ilhas recheadas de recursos naturais, num momento de febre pelo ouro negro, não parece ajudar. Mas o que mais parece ter fomentado a saída às ruas dos manifestantes chineses, é o esforço que o governo de Tóquio tem vindo a desenvolver com vista a ganhar um assento permanente no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU). Os japoneses, neste objectivo, têm a seu favor as fortes contribuições para a Organização das Nações Unidas (ONU), as participações em missões de paz e humanitárias e o apoio dos Estados Unidos da América (EUA).
Neste previsível cenário, a China teria uma maior dificuldade de se afirmar como potência exclusiva da Ásia. O que os chineses pretenderam que passasse para a comunidade internacional foi a imagem de um Japão militarista e imperialista, como forma de enfraquecer a posição política e diplomática do país do Sol Nascente. O curioso, é que a RPC, em termos de direitos humanos, não é exemplo para ninguém. Será que o massacre dos monjes tibetanos ou o extermínio cultural dos Uigures, na província de Xinjiang, aparecem nos manuais escolares chineses? A vitimização pelas feridas do passado soa a ridículo, quando a história recente do Império do Meio, para não falar do presente, está abarrotada de momentos infaustos.
Será em Setembro do corrente ano, em Nova Iorque, que finalmente será discutido o alargamento do Conselho de Segurança da ONU. Até lá, pequenos quiproquós, omissões, incorrecções ou incompreensões, por parte dos nipónicos, poderão descambar em novos festivais de fogueiras e pedrada. Apesar de tudo, as tentativas dos chineses em infamar a imagem do Japão, não parecem ser suficientes para travar a presença deste país no principal centro decisório mundial. A partir dessa altura, possivelmente, os chineses perceberão que a Ásia não é só deles, mas de todos os asiáticos.

Jorge Tavares Silva
(Artigo publicado em Maio de 2005 no Jornal de Negócios)

sexta-feira, junho 02, 2006

China & EUA


As relações entre os Estados Unidos e a China têm aquecido nos últimos tempos, sobretudo devido à forma como os americanos vêm a emergência do Império do Meio, que se quer afirmar de pacífica. Um dos maiores receios ao hegemonismo americano surge na questão energética. A tentativa da CNOOC de adquirir a Unocal, e toda a agressividade da diplomacia chinesa, têm criado alguma tensão nos americanos, extensiva ao plano militar.

O recente Relatório do Departamento de Defesa Americano, por exemplo, refere que a modernização militar chinesa extravasa as forças necessárias para um eventual conflito em Taiwan, colocando a China com um dimensão militar superior aos domínios regionais.