Um sujeito estava a colocar flores no túmulo de um parente, quando vê um chinês a colocar um prato de arroz na lápide ao lado.
Ele vira-se para o chinês e pergunta:
- Desculpe, mas o senhor acha mesmo que o defunto virá comer o arroz?
E o chinês responde:
- Sim, quando o seu vier cheirar as flores!!!
"RESPEITAR AS OPÇÕES DO OUTRO, EM QUALQUER ASPECTO, É UMA DAS MAIORES VIRTUDES QUE UM SER HUMANO PODE TER."
"AS PESSOAS SÃO DIFERENTES, AGEM DIFERENTE E PENSAM DIFERENTE.
NUNCA JULGUE, APENAS COMPREENDA....."
domingo, outubro 23, 2005
domingo, outubro 02, 2005
À procura do Catai
No século XV os portugueses lançam-se à descoberta do mundo. Em 1419 encontram-se na Madeira, em 1427 nos Açores e em 1487 atingem o cabo da Boa Esperança. Mas o grande desiderato são as terras do Catai. As mesmas que Cristóvão Colombo procura quando descobre a América. Impregnado pelas narrações das viagens de Marco Polo, atinge a ilha de Cuba em 1492 e julga ter alcançado a China. Mais tarde, confirma-se que o Catai e a China são a mesma coisa.
«Assim, a meu ver, o Catai não constitui um reino diferente da China; o grande rei de que fala Polo não é outro senão o rei da China; e por consequência a China é conhecida dos Tártaros e dos Persas, ainda que por outro nome».

Matteo Ricci (sec.XVII)
«Assim, a meu ver, o Catai não constitui um reino diferente da China; o grande rei de que fala Polo não é outro senão o rei da China; e por consequência a China é conhecida dos Tártaros e dos Persas, ainda que por outro nome».

Matteo Ricci (sec.XVII)
quinta-feira, setembro 29, 2005
FALA O ROTO DO REMENDADO
“Cada época deixa mais traços dos seus sofrimentos do que da sua felicidade: são os infortúnios que fazem a história”
Johan Hiuzinga (historiador holandês)
Nas últimas semanas, o folhetim sino-joponês deu ao mundo mais algumas páginas das suas infindas e agridoces relações. Em várias cidades chinesas, sobretudo em Shengzen, uma zona económica especial junto a Hong Kong, e em Pequim, chorrilhos de chinos saíram à rua, aparentemente enfurecidos, a gritarem palavras de ordem contra os nipónicos. Durante o cortejo, alguns manifestantes queimaram bandeiras japonesas e arremessaram pedras a edifícios e lojas adstritas àquele país, perante o olhar letárgico da polícia. Entre a berraria ouvia-se, claramente, “[V]iva a China, abaixo os porcos japoneses”. Enquanto isso, as câmaras da comunicação social, para gáudio da tropa-fandanga, registavam todos os momentos, e sempre que a objectiva se direccionava para um determinado ponto, inflamava-se o tropel. Terminado o cortejo, felizes, regressaram todos a casa, sem deixar esconder, no entanto, um sorriso nos lábios.
No centro da polémica, desta vez, está a omissão nos manuais escolares do país vizinho dos massacres cometidos pelas tropas nipónicas, na década de trinta, em território chinês. As preterições das atrocidades cometidas pelos japoneses – só em Nanquim foram mortos cerca entre 50 000 a 300 000 civis chineses – conduziram às manifestações nacionalistas. Será mesmo assim, ou tratou-se de mais uma patranha das autoridades de Pequim? Como é que uma lacuna de um manual de história, da responsabilidade de um simples editor, quando sabemos que existem mais manuais, pode despoletar tamanha algazarra? Por outro lado, sabe-se que estes tipos de manifestações são, essencialmente, perpetradas por estudantes. Acontece que, em algumas das cidades que assistiram ao desvario nacionalista, não há vestígios de universidades por perto. Alem disso, e principalmente, num país em que a policia não deixa “dar um ai”, como é que permite que uma autêntica fanfarra faça tamanho desacato? Não é preciso muito para perceber que o que nos é dado aponta para uma questão política e estratégica muito mais densa. A dimensão e o radicalismo das manifestações – só em Pequim saíram à rua 10 000 manifestantes – assemelharam-se mais a uma encenação orquestrada pela propaganda chinesa do que a um genuíno movimento social.
Em primeiro lugar, é importante perceber que a ascensão económica da República Popular da China (RPC) tem conduzido a um novo reajustamento de forças na Ásia e à pretensão de esta se afirmar como a maior potência da região. Durante décadas este país soube afirmar-se como uma potência geopolítica, mas no campo económico não passou duma nulidade. Foi o Japão, com a conivência americana que desempenhou, após a Segunda Guerra Mundial, um lugar de destaque na Ásia e um papel importante no mundo. Hoje, a China pretende ocupar este lugar.
Se do ponto de vista económico as relações entre a China e o Japão parecem estar bem encaminhadas, no domínio político os diferendos estão a agudizar-se. A recente ambiguidade dos nipónicos no tratamento da questão de Taiwan, não deixou satisfeitas as autoridades de Pequim. Além disso, a continuada disputa pela soberania de pequenas ilhas recheadas de recursos naturais, num momento de febre pelo ouro negro, não parece ajudar. Mas o que mais parece ter fomentado a saída às ruas dos manifestantes chineses, é o esforço que o governo de Tóquio tem vindo a desenvolver com vista a ganhar um assento permanente no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU). Os japoneses, neste objectivo, têm a seu favor as fortes contribuições para a Organização das Nações Unidas (ONU), as participações em missões de paz e humanitárias e o apoio dos Estados Unidos da América (EUA).
Neste previsível cenário, a China teria uma maior dificuldade de se afirmar como potência exclusiva da Ásia. O que os chineses pretenderam que passasse para a comunidade internacional foi a imagem de um Japão militarista e imperialista, como forma de enfraquecer a posição política e diplomática do país do Sol Nascente. O curioso, é que a RPC, em termos de direitos humanos, não é exemplo para ninguém. Será que o massacre dos monjes tibetanos ou o extermínio cultural dos Uigures, na província de Xinjiang, aparecem nos manuais escolares chineses? A vitimização pelas feridas do passado soa a ridículo, quando a história recente do Império do Meio, para não falar do presente, está abarrotada de momentos infaustos.
Será em Setembro do corrente ano, em Nova Iorque, que finalmente será discutido o alargamento do Conselho de Segurança da ONU. Até lá, pequenos quiproquós, omissões, incorrecções ou incompreensões, por parte dos nipónicos, poderão descambar em novos festivais de fogueiras e pedrada. Apesar de tudo, as tentativas dos chineses em infamar a imagem do Japão, não parecem ser suficientes para travar a presença deste país no principal centro decisório mundial. A partir dessa altura, possivelmente, os chineses perceberão que a Ásia não é só deles, mas de todos os asiáticos.
Jorge Tavares Silva
(Artigo publicado em Maio de 2005 no Jornal de Negócios)
“Cada época deixa mais traços dos seus sofrimentos do que da sua felicidade: são os infortúnios que fazem a história”
Johan Hiuzinga (historiador holandês)
Nas últimas semanas, o folhetim sino-joponês deu ao mundo mais algumas páginas das suas infindas e agridoces relações. Em várias cidades chinesas, sobretudo em Shengzen, uma zona económica especial junto a Hong Kong, e em Pequim, chorrilhos de chinos saíram à rua, aparentemente enfurecidos, a gritarem palavras de ordem contra os nipónicos. Durante o cortejo, alguns manifestantes queimaram bandeiras japonesas e arremessaram pedras a edifícios e lojas adstritas àquele país, perante o olhar letárgico da polícia. Entre a berraria ouvia-se, claramente, “[V]iva a China, abaixo os porcos japoneses”. Enquanto isso, as câmaras da comunicação social, para gáudio da tropa-fandanga, registavam todos os momentos, e sempre que a objectiva se direccionava para um determinado ponto, inflamava-se o tropel. Terminado o cortejo, felizes, regressaram todos a casa, sem deixar esconder, no entanto, um sorriso nos lábios.
No centro da polémica, desta vez, está a omissão nos manuais escolares do país vizinho dos massacres cometidos pelas tropas nipónicas, na década de trinta, em território chinês. As preterições das atrocidades cometidas pelos japoneses – só em Nanquim foram mortos cerca entre 50 000 a 300 000 civis chineses – conduziram às manifestações nacionalistas. Será mesmo assim, ou tratou-se de mais uma patranha das autoridades de Pequim? Como é que uma lacuna de um manual de história, da responsabilidade de um simples editor, quando sabemos que existem mais manuais, pode despoletar tamanha algazarra? Por outro lado, sabe-se que estes tipos de manifestações são, essencialmente, perpetradas por estudantes. Acontece que, em algumas das cidades que assistiram ao desvario nacionalista, não há vestígios de universidades por perto. Alem disso, e principalmente, num país em que a policia não deixa “dar um ai”, como é que permite que uma autêntica fanfarra faça tamanho desacato? Não é preciso muito para perceber que o que nos é dado aponta para uma questão política e estratégica muito mais densa. A dimensão e o radicalismo das manifestações – só em Pequim saíram à rua 10 000 manifestantes – assemelharam-se mais a uma encenação orquestrada pela propaganda chinesa do que a um genuíno movimento social.
Em primeiro lugar, é importante perceber que a ascensão económica da República Popular da China (RPC) tem conduzido a um novo reajustamento de forças na Ásia e à pretensão de esta se afirmar como a maior potência da região. Durante décadas este país soube afirmar-se como uma potência geopolítica, mas no campo económico não passou duma nulidade. Foi o Japão, com a conivência americana que desempenhou, após a Segunda Guerra Mundial, um lugar de destaque na Ásia e um papel importante no mundo. Hoje, a China pretende ocupar este lugar.
Se do ponto de vista económico as relações entre a China e o Japão parecem estar bem encaminhadas, no domínio político os diferendos estão a agudizar-se. A recente ambiguidade dos nipónicos no tratamento da questão de Taiwan, não deixou satisfeitas as autoridades de Pequim. Além disso, a continuada disputa pela soberania de pequenas ilhas recheadas de recursos naturais, num momento de febre pelo ouro negro, não parece ajudar. Mas o que mais parece ter fomentado a saída às ruas dos manifestantes chineses, é o esforço que o governo de Tóquio tem vindo a desenvolver com vista a ganhar um assento permanente no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU). Os japoneses, neste objectivo, têm a seu favor as fortes contribuições para a Organização das Nações Unidas (ONU), as participações em missões de paz e humanitárias e o apoio dos Estados Unidos da América (EUA).
Neste previsível cenário, a China teria uma maior dificuldade de se afirmar como potência exclusiva da Ásia. O que os chineses pretenderam que passasse para a comunidade internacional foi a imagem de um Japão militarista e imperialista, como forma de enfraquecer a posição política e diplomática do país do Sol Nascente. O curioso, é que a RPC, em termos de direitos humanos, não é exemplo para ninguém. Será que o massacre dos monjes tibetanos ou o extermínio cultural dos Uigures, na província de Xinjiang, aparecem nos manuais escolares chineses? A vitimização pelas feridas do passado soa a ridículo, quando a história recente do Império do Meio, para não falar do presente, está abarrotada de momentos infaustos.
Será em Setembro do corrente ano, em Nova Iorque, que finalmente será discutido o alargamento do Conselho de Segurança da ONU. Até lá, pequenos quiproquós, omissões, incorrecções ou incompreensões, por parte dos nipónicos, poderão descambar em novos festivais de fogueiras e pedrada. Apesar de tudo, as tentativas dos chineses em infamar a imagem do Japão, não parecem ser suficientes para travar a presença deste país no principal centro decisório mundial. A partir dessa altura, possivelmente, os chineses perceberão que a Ásia não é só deles, mas de todos os asiáticos.
Jorge Tavares Silva
(Artigo publicado em Maio de 2005 no Jornal de Negócios)
Publicada por
Jorge Tavares da Silva ( 乔治‧达瓦雷斯‧希尔瓦)
à(s)
quinta-feira, setembro 29, 2005
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