quarta-feira, agosto 23, 2006

O Código Zemin



Nos últimos dias milhares de chineses dirigiram-se às livrarias para adquirir o último best seller na China. Não é nenhum livro de Dan Brown, nem o último da saga Harry Potter. Trata-se, nem mais nem menos, das Obras Escolhidas de Jiang Zemin (Selected Works of Jiang Zemin), lançadas no seu 80º aniversário (17 de Agosto).

Após três anos de“descanso do guerreiro”, Jiang Zemin (江泽民) regressa à cena política, ainda que em forma de livro. Muitos analistas acreditam que esta aparição pretende fazer reforçar e relembrar a importância deste presidente na construção da China moderna. Esta iniciativa, aliás, é seguida por grandes políticos mundiais retirados da vida activa. No entanto, na China estas obras pautam-se mais pela parcialidade, falta de rigor histórico, omissão e têm uma função propagandista.


Hu Jintao, o sucessor, já exortou os militantes do PCC a “estudarem” as obras do antigo presidente, considerando-as "o melhor compêndio para aprofundar o socialismo com características chinesas". Pelo menos 71 milhões de exemplares já estão assegurados, ainda que possam ficar a apanhar pó nas prateleiras. Só as forças armadas encomendaram 75 mil exemplares e para as províncias de Guangxi e Sichuan foram enviados 75 mil e 50 mil exemplares, respectivamente.



As Obras Escolhidas reúnem 203 artigos, relatórios, discursos, cartas e outros textos escritos por Jiang Zemin desde 1980 até 2004, o ano em que abandonou a presidência da Comissão Militar Central, o seu último cargo oficial.

Sob a sua liderança, destaca-se, o aprofundar das reformas económicas lançadas por Deng Xiaoping, o regresso de Hong Kong e Macau à soberania chinesa, a adesão da China à OMC e a bem sucedida candidatura de Pequim à organização dos Jogos Olímpicos de 2008.


No plano ideológico, a principal contribuição de Jiang Zemin está associada à chamada "Teoria das Três Representações", que abriu as fileiras do PCC aos empresários e sanciona a conversão do país à economia de mercado.

Sem comentários: