sexta-feira, junho 23, 2006

Associação Portugal-China



Parabéns e bem-vinda a Associação para a Cooperação Cultural Portugal-China, que ontem foi apresentada publicamente na Universidade de Aveiro.
Constituída em Maio passado, congrega elementos chineses e portugueses, com o objectivo de promover o intercâmbio cultural entre os dois países.

A iniciativa vai integrar um programa de actividades relacionado com a cultura chinesa. A apresentação contou com a projecção de um filme com imagens da China, a interpretação de músicas chinesas, a demonstração de Tai Chi Chuan e a actuação de um grupo de estudantes portugueses a cantar em Chinês.



O público teve a oportunidade de ouvir melodias antigas chinesas reproduzidas ao piano pela pianista chinesa Shao Ling, docente da Universidade de Aveiro, vencedora de diversos concursos portugueses (interpretação de piano) e que conta no seu currículo com numerosos recitais em Portugal, Irlanda, Holanda, França e Itália.

O evento contou ainda com a presença da cantora Lu Xiao Peng, que domina a técnica tradicional chinesa de canto e que apresentará canções tradicionais de varias zonas da China, bem como do investigador chinês Dr. Xiao Jin ZHong, do Departamento de Engenharia Cerâmica e do Vidro da Universidade de Aveiro, que executou duas peças musicais no tradicional instrumento chinês Erhu. O concerto musical concluiu a participação de um grupo de estudantes portugueses, do Departamento de Línguas e Culturas, que cantou algumas canções chinesas.

Finalmente, foi feita uma breve demonstração de Tai Chi Chuan do estilo Chen, o estilo mais antigo desta arte marcial chinesa, pelo Mestre Xié Yingjian, da 12ª geração do Estilo Chen, discípulo do actual representante deste estilo, o Mestre Chen Xiao Wang.

Relações Internacionais nº10 (IPRI)



A ressurgência da ChinaO Futuro das Relações entre a China e a Europa: Oportunidades e Desafios
Ma Zhengang

A Parceria Estratégica China-UE: Origens e Perspectivas
Xing Hua

A Nova Política da China em ÁfricaRui. P. Pereira

China: Uma Emergência Pacífica?Dora A. E. Martins

A China, os Estados Unidos e o 11 de Setembro
Carlos Gaspar

Relações entre Portugal e a República Popular da China
Bernardo Futscher Pereira

Declaração Conjunta dos Governos da República Portuguesa e da República Popular da China sobre o Reforço das Relações Bilaterais

Comunicado de Imprensa Conjunto entre a República Popular da China e a República Portuguesa por Ocasião da Visita do Presidente da República Portuguesa à China

Segurança Internacional e Proliferação Nuclear
Coreia do Norte, Anarquia e Poder Nuclear
Nuno Santiago de Magalhães

O que faz correr Teerão?
José Luís Alves

Nos 70 Anos da Guerra Civil de Espanha
A Historiografia sobre a Guerra Civil Espanhola no Inicio do Século XXI: Entre a Política e a RenovaçãoHugo Garcia

Carta de Telavive
A Herança de Sharon
Ana Santos Pinto


Recensões

O Monstro de Mao, Carlos Gaspar
Jung Chang e Jon Halliday. Mao. The Unkown Story. Londres, 2005, Cape, 832 páginas.

Os Caminhos da Invasão Chinesa, Francisca Gorjão Henriques
Ted C. Fishman. How the Rise of the Next Superpower Challenges America and the World. Scribner International, 2005, 352 páginas.

A Democracia nas Américas, Carmen Fonseca
Seymour Martin Lipset e Jason M. Lakin. The Democratic Century. University of Oklahoma Press, 2004, 478 páginas.

Guerra sem Intelligence, Pedro A. R. Esteves
Jonh Keegan. Espionagem na Guerra - Conhecer o Inimigo, de Napoleão à Al-Qaeda. Lisboa, Tinta da China, 2006, 475 páginas.

Identidade e Poder. A Superpotência e o Futuro da Estrutura Institucional, Manuel Castro e Almeida
Barry Buzan. The United States and the Great Powers: World Politics in the Twenty-First Century. Polity Press, 2004, 222 páginas.

Relações Internacionais n.º 10

A China no Mundo

'China and Angola Strengthen Bilateral Relationship'

China appears on the horizon of the Arab world

China’s Portuguese Connection

quarta-feira, junho 21, 2006

Angola na mira chinesa



O Primeiro Ministro Chinês, Wen Jiabao, num périplo por varias nações africanas, detentoras de apetitosos recursos naturais, está a dedicar uma atenção especial a Angola. Este país tem um papel fundamental na estratégia de Pequim, tendo muito recentemente suplantado a Arábia Saudita como principal fornecedor de petróleo à China. Por sua vez, Angola, numa estratégia "voltada ao Oriente", aguarda pelos fundos chineses que ajudem a reconstruir o país e a recuperar a economia, após a devastadora guerra civil terminada em 2002. A linha de crédito concedida pelos chineses não tem os mesmos requisitos que outros parceiros, nomeadamente o Fundo Monetário Internacional, o que só facilita a corrida chinesa ao ouro negro.


A águia enfraquecida


A realização da última edição da Organização de Cooperação de Xangai (OCX), parece ter despoletado uma discussão sobre a intencionalidade desta instituição na cena internacional. Alguns defendem que esta pretende afirmar-se como a NATO do Oriente, descambando o mundo numa nova polaridade de forças. Pequim desmente esta ideia veementemente. O que parece certo é que, enquanto os norte-americanos brincam às guerras no Iraque, a China e a Rússia ganham raízes na Ásia Central, para melhor poderem beber nos poços do petróleo e, simultaneamente, afastarem as garras da águia americana na região. A presença da Índia e do Irão, como observadores, na referida organização, para azia de Washington, são o melhor exemplo da postura independente e desafiadora dos países da OCX.

segunda-feira, junho 19, 2006

A Aliança China-Irão



Na próxima quinta-feira a China vai receber o presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad, cujos propósitos passam por tentar estreitar relações com a China, com vista ao reforço da sua posição face aos Estados Unidos.

Nos últimos anos foram realizados grandiosos projectos de cooperação entre os dois países. A China tem no Irão um parceiro estratégico de altíssima importância para a obtenção de recursos energéticos. Em contrapartida, o Irão procura na China uma alegoria diplomática que lhe permita vetar uma eventual tentativa dos americanos em imporem sanções ao seu país, no quadro da Nações Unidas (devido à questão nuclear).

Será que a China e o Irão poderão desenvolver uma aliança para travar os Estados Unidos?

A situação é delicada, mas parece que a China não vai ofender a política externa americana, por tudo o que está em jogo entre os dois países. Parece-me mais que a China irá manter uma política triangular, sem ofender nenhum dos lados, porque “enquanto os cães ladram a caravana passa”, em nome da economia…

sábado, junho 17, 2006

O Complexo de Di


O escritor chinês Dai Sijie, a viver em França desde 1984, é autor do aclamado livro Balzac e a Costureirinha Chinesa – traduzido em 35 países e adaptado ao cinema pelo próprio autor. Agora, em O Complexo de Di, romance vencedor do prémio literário francês Femina (2003), o escritor volta a juntar com mestria a cultura chinesa e francesa.
O livro narra as peripécias de Muo, um tímido chinês, quarentão, que depois de passar dez anos na França a estudar psicanálise, decide voltar à China para salvar da prisão uma antiga colega de universidade, um grande amor da juventude, que fora condenada pelo terrível Juiz Di por divulgar fotos proibidas.

Boa leitura!

segunda-feira, junho 12, 2006

Armas por petróleo



Num relatório hoje publicado pela Amnistia Internacional é feito um retrato negro da China, aparecendo como instigadora de conflitos, da violência criminal e violações dos direitos humanos em países como o Sudão, Nepal, Birmânia e África do Sul. Em jogo está a troca de milhões de dólares de armamento pelo livre acesso a matérias-primas vitais à alimentação do crescimento económico chinês. O relatório aponta também responsabilidades a algumas empresas ocidentais que estão envolvidas na produção de armamento e, naturalmente, a fomentar este tipo de negócios.


A China emerge como uma das maiores exportadoras mundiais de armamento, grande parte encoberto pelas autoridades de Pequim. Há oito anos que a China não publica informação sobre esta matéria, e não envia informação ao Registo de Armas Convencionais da ONU.


O referido relatório aponta os seguintes casos como instigadores de conflito:

• Mais 200 camiões militares chineses, dotados de motores americanos, vendidos ao Sudão, em Agosto de 2005;
• Armamento convencional vendido à Birmânia, incluindo 400 camiões ao exército birmanês, em Agosto de 2005;
• Exportação de 25 000 espingardas chinesas e 18 000 granadas ao Nepal, entre 2005 e inícios de 2006;
• Um aumento do comércio ilícito de pistolas chinesas Norinco.


Com estes dados ficamos a perceber como a avidez chinesa pelos recursos energéticos está a fomentar conflitos armados em muitos países do mundo, sobretudo nas coordenadas asiáticas.

domingo, junho 11, 2006

Tsu-Chu



Com a febre da bola no ar, aqui vai uma pequena história sobre a origem do desporto mais famoso do mundo.

Muitos são os países que reclamam a origem do futebol. Entre eles, claro, está a China. Ao que parece, durante a dinastia Xia (cerca de 2200 a.C.)os guerreiros praticavam um jogo macabro (Tsu-Chu) que lhes servia de treino - divididos em equipas de oito elementos passavam, de pé para pé, a cabeça de um inimigo. O objectivo era passá-la por entre duas estacas espetadas no chão. Quem mais o fizesse, mais pontuava e ganhava o jogo. Belo começo...

sexta-feira, junho 09, 2006

A voz dos conservadores



A abertura económica chinesa é entendida na China como um processo irreversível. Este é, pelo menos, o entendimento da ala reformista do aparelho do partido. No entanto, há um conjunto de novas problemáticas que têm fomentado os argumentos dos conservadores.

Entre essas questões estão: o crescente controlo das empresas estatais por organizações estrangeiras; o aumento das desigualdades sociais; o atraso na entrega de fundos das empresas (nacionais e estrangeiras) ao Estado; os crescentes monopólios criados pelas multinacionais.

Mais do que nunca, é importante que a economia chinesa prossiga no sentido do crescimento e desenvolvimento económico, para evitar acordar os fantasmas adormecidos...

segunda-feira, junho 05, 2006

Tiananmen - 17 anos depois



Hong Kong foi o único local na China onde foram rendidas homenagens às vitimas do massacre de Tiananmen, que ocorreu no dia 4 de Junho de 1989, há precisamente 17 anos. Na altura, os tanques do exército reprimiram brutalmente uma revolta democrática dos estudantes de Pequim, tendo morrido cerca de duas mil pessoas. (talvez mais!)

Milhares de manifestantes acenderam velas no parque Victoria e mantiveram-se em silêncio durante alguns instantes. De seguida, cantaram um hino à democracia, enquanto os organizadores colocaram coroas de flores simbólico dedicado a todos os que tombaram naquele fatídico dia.

Enquanto a China passa mais este aniversário sem permitir qualquer manifestação, algumas regiões semi-autónomas como Macau e Hong Kong vão dando jus ao principio - «um país, dois sistemas»...

domingo, junho 04, 2006

Para negociar na China



Fruto da experiência de muitos anos vividos na China, Virgínia Trigo propõe neste livro uma visão conhecedora sobre os principais aspectos da economia, da política mas, sobretudo, das particularidades culturais dos chineses. Indispensável para quem pretende negociar na China!

Fala o roto do remendado



“Cada época deixa mais traços dos seus sofrimentos do que da sua felicidade: são os infortúnios que fazem a história”

Johan Hiuzinga (historiador holandês)



Nas últimas semanas, o folhetim sino-joponês deu ao mundo mais algumas páginas das suas infindas e agridoces relações. Em várias cidades chinesas, sobretudo em Shengzen, uma zona económica especial junto a Hong Kong, e em Pequim, chorrilhos de chinos saíram à rua, aparentemente enfurecidos, a gritarem palavras de ordem contra os nipónicos. Durante o cortejo, alguns manifestantes queimaram bandeiras japonesas e arremessaram pedras a edifícios e lojas adstritas àquele país, perante o olhar letárgico da polícia. Entre a berraria ouvia-se, claramente, “[V]iva a China, abaixo os porcos japoneses”. Enquanto isso, as câmaras da comunicação social, para gáudio da tropa-fandanga, registavam todos os momentos, e sempre que a objectiva se direccionava para um determinado ponto, inflamava-se o tropel. Terminado o cortejo, felizes, regressaram todos a casa, sem deixar esconder, no entanto, um sorriso nos lábios.
No centro da polémica, desta vez, está a omissão nos manuais escolares do país vizinho dos massacres cometidos pelas tropas nipónicas, na década de trinta, em território chinês. As preterições das atrocidades cometidas pelos japoneses – só em Nanquim foram mortos cerca entre 50 000 a 300 000 civis chineses – conduziram às manifestações nacionalistas. Será mesmo assim, ou tratou-se de mais uma patranha das autoridades de Pequim? Como é que uma lacuna de um manual de história, da responsabilidade de um simples editor, quando sabemos que existem mais manuais, pode despoletar tamanha algazarra? Por outro lado, sabe-se que estes tipos de manifestações são, essencialmente, perpetradas por estudantes. Acontece que, em algumas das cidades que assistiram ao desvario nacionalista, não há vestígios de universidades por perto. Alem disso, e principalmente, num país em que a policia não deixa “dar um ai”, como é que permite que uma autêntica fanfarra faça tamanho desacato? Não é preciso muito para perceber que o que nos é dado aponta para uma questão política e estratégica muito mais densa. A dimensão e o radicalismo das manifestações – só em Pequim saíram à rua 10 000 manifestantes – assemelharam-se mais a uma encenação orquestrada pela propaganda chinesa do que a um genuíno movimento social.
Em primeiro lugar, é importante perceber que a ascensão económica da República Popular da China (RPC) tem conduzido a um novo reajustamento de forças na Ásia e à pretensão de esta se afirmar como a maior potência da região. Durante décadas este país soube afirmar-se como uma potência geopolítica, mas no campo económico não passou duma nulidade. Foi o Japão, com a conivência americana que desempenhou, após a Segunda Guerra Mundial, um lugar de destaque na Ásia e um papel importante no mundo. Hoje, a China pretende ocupar este lugar.
Se do ponto de vista económico as relações entre a China e o Japão parecem estar bem encaminhadas, no domínio político os diferendos estão a agudizar-se. A recente ambiguidade dos nipónicos no tratamento da questão de Taiwan, não deixou satisfeitas as autoridades de Pequim. Além disso, a continuada disputa pela soberania de pequenas ilhas recheadas de recursos naturais, num momento de febre pelo ouro negro, não parece ajudar. Mas o que mais parece ter fomentado a saída às ruas dos manifestantes chineses, é o esforço que o governo de Tóquio tem vindo a desenvolver com vista a ganhar um assento permanente no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU). Os japoneses, neste objectivo, têm a seu favor as fortes contribuições para a Organização das Nações Unidas (ONU), as participações em missões de paz e humanitárias e o apoio dos Estados Unidos da América (EUA).
Neste previsível cenário, a China teria uma maior dificuldade de se afirmar como potência exclusiva da Ásia. O que os chineses pretenderam que passasse para a comunidade internacional foi a imagem de um Japão militarista e imperialista, como forma de enfraquecer a posição política e diplomática do país do Sol Nascente. O curioso, é que a RPC, em termos de direitos humanos, não é exemplo para ninguém. Será que o massacre dos monjes tibetanos ou o extermínio cultural dos Uigures, na província de Xinjiang, aparecem nos manuais escolares chineses? A vitimização pelas feridas do passado soa a ridículo, quando a história recente do Império do Meio, para não falar do presente, está abarrotada de momentos infaustos.
Será em Setembro do corrente ano, em Nova Iorque, que finalmente será discutido o alargamento do Conselho de Segurança da ONU. Até lá, pequenos quiproquós, omissões, incorrecções ou incompreensões, por parte dos nipónicos, poderão descambar em novos festivais de fogueiras e pedrada. Apesar de tudo, as tentativas dos chineses em infamar a imagem do Japão, não parecem ser suficientes para travar a presença deste país no principal centro decisório mundial. A partir dessa altura, possivelmente, os chineses perceberão que a Ásia não é só deles, mas de todos os asiáticos.

Jorge Tavares Silva
(Artigo publicado em Maio de 2005 no Jornal de Negócios)

sexta-feira, junho 02, 2006

China & EUA


As relações entre os Estados Unidos e a China têm aquecido nos últimos tempos, sobretudo devido à forma como os americanos vêm a emergência do Império do Meio, que se quer afirmar de pacífica. Um dos maiores receios ao hegemonismo americano surge na questão energética. A tentativa da CNOOC de adquirir a Unocal, e toda a agressividade da diplomacia chinesa, têm criado alguma tensão nos americanos, extensiva ao plano militar.

O recente Relatório do Departamento de Defesa Americano, por exemplo, refere que a modernização militar chinesa extravasa as forças necessárias para um eventual conflito em Taiwan, colocando a China com um dimensão militar superior aos domínios regionais.


segunda-feira, maio 29, 2006

Os Crimes do Lago Chinês





O juiz Dee Jen-Djieh é uma personagem tirada da realidade histórica e lendária da China imperial. Viveu entre 630 e 700, durante a dinastia Tang, foi magistrado em várias cidades de província, e finalmente, presidente do Supremo Tribunal de Justiça na capital imperial, cargo para o qual foi escolhido pelo imperador.
Os seus casos, resolvidos com sabedoria, inteligência e argúcia, têm feito as delícias de milhões de leitores em todo o mundo.

O autor:

Robert Hans van Gulik nasceu em Gueldre (Holanda),em 1910, e morreu em Haia com 57 anos. Viveu largos anos em Java, na Indonésia, onde se interessou pelos assuntos asiáticos, sobretudo chineses. Traduziu textos antigos e investigou as religiões da região, essencialmente o Budismo. Em 1935 é-lhe concedido o primeiro trabalho diplomático na embaixada holandesa em Tóquio. Durante o seu serviço no Japão elabora um conjunto de textos policiais centrados na figura do juiz Dee Goong An e baseados num antigo romance do século XVI.

sábado, maio 27, 2006

A Ilha do Desassossego



Mais vale uma sardinha com paz que uma galinha com guerra
Provérbio Popular


A pequena ilha de Taiwan, apelidada de Formosa pelos navegantes portugueses, representa no mapa geopolítico uma anomalia diplomática e política ainda longe de uma solução. Situada a 160 quilómetros da costa sueste da Republica Popular da China (RPC), o pequeno território tem constituído para a China um “osso duro de roer”. Ainda no século XIX, concretamente em 1895, seria anexada ao Japão após o final da Guerra Sino-Japonesa. Os nipónicos iniciaram uma ocupação que duraria até ao final da Segunda Guerra Mundial (Conferência de Postdam - 1945). Entretanto, o reatamento da guerra civil chinesa, que opunha as forças nacionalistas de Chang Kai-Chek e as forças comunistas de Mão Tsé-tung, acabaria com a vitória destes últimos e o refúgio dos primeiros na Formosa, agora desocupada (1949). Taiwan, juntamente com as ilhas costeiras de Quemoy, Matsu e Taschen, permaneceu no controlo dos nacionalistas até aos dias de hoje.
Desta forma, a China ficou dividida em duas, de um lado a República Popular (RPC), comunista, composta por toda a massa continental; do outro, a República da China (RC), de cariz nacionalista, correspondendo a uma pequena parcela de terra. Naturalmente que os chineses, após a ocupação da Formosa pelas forças nacionalistas, pretenderam varrer o pequeno enclave, todavia, os acontecimentos seguintes diluiriam as pretensões beligerantes dos chineses. No ano seguinte a intervenção chinesa na Guerra Civil da Coreia arrastaria para a região os Estados Unidos da América, sob o comando do General Douglas Mac Arthur, empenhados em travar o expansionismo comunista. Para além da colaboração com as forças da Coreia do Sul, os americanos, protegeriam Taiwan de uma possível invasão chinesa. A obsessão americana contra o comunismo votaria a China Popular a um “ostracismo” pela maior parte da comunidade internacional; apenas um pequeno conjunto de países reconheceria legitimidade ao poder de Pequim. Quem no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) tinha assento permanente era o pequeno enclave nacionalista. Na realidade tratava-se de uma representação “fantoche” nas mãos dos americanos. Nas palavras de Ramón Tamames, este acto foi uma “manifestação, talvez a mais ostensiva, do imperialismo americano, ao não reconhecer a um país de mais de 800 milhões de habitantes [hoje um bilião e trezentos milhões] o papel que lhe correspondia nos destinos do mundo e dentro de um continente asiático de que os E.U.A quiseram ser, como em toda a parte, o único e indiscutido regente.” As relações diplomáticas da China popular reduziam-se à via do Pacto de Varsóvia (1955-1991), constituído por um núcleo de países comunistas com o objectivo de fazer frente à Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). A partir de 1971, todavia, o cenário altera-se radicalmente. O Presidente americano, Richard Nixon, vai aproveitar o clima instável entre a China comunista e a União Soviética para encetar uma aproximação ao Império do Meio. Numa altura que a União Soviética parecia desenvolver um plano militar contra a China, esta tinha nos Estados Unidos um escudo protector contra os soviéticos. Nixon ao alterar as regras do jogo reequilibra as grandes forças mundiais através da chamada “diplomacia triangular”. Desta forma, num golpe diplomático implacável, Taiwan passa de “bestial a besta”; o Governo de Taipé passa a ser interpretado como ilegal e a Formosa é afastada da ONU.
Hoje, a RPC reitera a soberania sobre a Formosa, como sendo a sua 23ª província, enquanto o governo nacionalista, liderado pelo Partido Democrático Progressista (PDP) de Chen Shui-bian, manifesta intenções pró-independentistas e contra o princípio de “uma só China”. Numa altura em que a União Europeia parece querer desmontar o embargo militar à RPC, importa entender as consequências que daí podem advir. Apesar de tudo, a minha percepção aponta para que não haja uma intervenção militar chinesa. O envolvimento económico internacional do governo chinês deixou para segundo plano os investimentos bélicos, ainda que esteja envolvida num aprimorado programa espacial. Uma intervenção militar, antes de mais, significaria um remexer no cenário geopolítico com inevitáveis consequências diplomáticas. Os Estados Unidos não ficariam, certamente, indiferentes e despoletariam um conflito com contornos difíceis de balizar. Por outro lado, sob o ponto de vista logístico, a intervenção militar obrigaria a uma longa preparação estratégica e a um empenhamento quixotesco por parte dos chineses. Além disso, a capacidade militar aérea e marítima chinesa assemelha-se à capacidade de Taiwan, remetendo a supremacia para questões balísticas. Espera-se, portanto, que as partes encontrem a clarividência suficiente para encontrar uma solução pacífica para a região e para o mundo.

Jorge Tavares Silva

(Publicado no Diário de Aveiro)

quarta-feira, maio 24, 2006

David Lampton em Portugal



David Lampton é um dos maiores especialistas americanos em questões sobre a China, tendo uma vasta obra publicada. É director do Departamento de Estudos Chineses do Nixon Center e professor da John Hopkins School of Advanced International Studies. Está em Portugal para participar nos Encontros da Arrábida. Concedeu uma entrevista ao Jornal Público, revelando alguns pontos de vista curiosos:

Se pensar nas três origens do poder - económico, militar e intelectual -, a China representa um desafio intelectual, um desafio económico, mas menos um desafio militar.”

”Não sou dos que pensam que a China se reformou economicamente mas que falhou completamente a reforma política. Houve mudanças políticas na China e, para entendermos melhor em que sentido se move, devemos olhar para o que aconteceu na Coreia do Sul ou em Taiwan. Nos dois casos, vimos as reformas económicas avançar muito mais depressa que as políticas, mas vimos também como foi sempre aumentando a pressão para a liberalização política. Na China, creio que veremos esta mesma pressão - de baixo para cima, de dentro e de fora do Partido Comunista. Isso vai, naturalmente, levar bastante tempo porque estamos a falar de 22 por cento da população mundial.

Na China, como no resto do mundo, nunca podemos afastar a incerteza. Pode dizer-me com segurança o que vai ser a União Europeia em dez ou vinte anos? Claro que quando falamos de 22 por cento da população mundial e de um país que está a mudar a uma tal velocidade, o grau de incerteza é maior. Há riscos. Tem razão quando diz que as desigualdades - entre ricos e pobres, entre as regiões costeiras e o interior, entre as cidades e o campo - ou a corrupção são factores que podem desestabilizar a China. Outra incógnita é saber se as elites políticas, até agora muito capazes, se vão manter unidas ou dividir-se.

Estou claramente do lado integracionista. (...) Se olharmos para as nossas relações com a China, verificamos que é o terceiro parceiro comercial dos EUA e o principal da União Europeia, que a UE, os EUA e o Japão são os seus principais investidores estrangeiros. É uma situação radicalmente diferente e significa que muitos sectores das nossas sociedades têm interesses enormes na preservação das relações com a China. Isto quer dizer que o "containment" não é uma opção, porque nem sequer é praticável. Mas, mais importante ainda do que ser impraticável, é indesejável.
Embora não saibamos como é que a China vai usar o seu novo poder, uma coisa sabemos de certeza: se lhe criarmos um ambiente hostil, ela tenderá a adquirir as capacidades militares para poder lidar com esse ambiente hostil. Ou seja, sabemos que podemos criar uma China hostil, mesmo que não tenhamos a certeza de poder criar uma China amigável. A conclusão é apostar na criação de uma envolvente que encoraje a China a comportar-se de forma consistente com o interesse geral do mundo e com o interesse do Ocidente.

”Para se manter no poder, a liderança chinesa sabe que a resposta é só uma: crescimento económico. E a energia é fundamental para sustentar esse crescimento. Penso que a sua opção estratégica é, por isso, lidar com quem seja preciso para garantir o abastecimento energético. O resto, neste momento, são preocupações secundárias, incluindo a questão da proliferação nuclear.”

China tem uma estratégia em três vectores para Taiwan. O primeiro é dissuadir Taiwan de seguir o caminho da independência com algumas centenas de mísseis apontados à ilha. O segundo é tentar envolver a economia de Taiwan na economia continental. Taiwan já investiu milhões e milhões de dólares na China. O terceiro aspecto é atrair os partidos políticos da oposição para uma posição mais conciliadora.

(sobre um novo Tiananmen) “ É possível, embora creia que a liderança chinesa fará tudo para evitá-lo. Mas as transformações da sociedade não eliminam essa hipótese. A China está a transformar-se de sociedade rural em sociedade urbana a uma velocidade enorme. Está a passar de economia planificada a economia de mercado numa escala que nunca ninguém antes tinha atingido. É irrealista pensar que o regime conseguirá gerir estas transformações sem que ninguém saia ferido. É trágico mas inevitável.”

terça-feira, maio 23, 2006

Xenofobia em Portugal!



Volto à carga sobre o crescente sentimento anti-chinês que se vai verificando em Portugal. Não consigo encontrar outra designação para este sentimento que não seja XENOFOBIA, ainda por cima numa sociedade habituada a viver fora de portas. Um dos melhores exemplos pode ser encontrado no líder político da Madeira, uma região fortemente emigrante nos Estados Unidos, que não aceita os imigrantes na sua própria terra.

Outro exemplo é João Goulard Medeiros, autor do texto "Alerta Amarelo", que tem circulado em Bragança e na internet (link). Trabalha como freelancer para a imprensa, assume-se como anarquista e faz parte da Federação Europeia de Sindicalismo Alternativo, uma associação fundada em Itália em 2003. Tem sido um acérrimo lutador contra a abertura das lojas de chineses em Portugal. Muitos dos seus argumentos, difundidos na internet, não têm fundamento e quando confrontado com os factos, não os tem conseguido confirmar... Mais palavras para quê!

Apesar de mediocre, podem espreitar:
http://www.blog.comunidades.net/goulart/index.php?op=arquivo&mmes=03&anon=2006

segunda-feira, maio 22, 2006

Entrevista na Radio Macau



Algumas pinceladas sobre, entre outros assuntos, a emergência económica chinesa, numa entrevista na Radio Macau, passem alguns maneirismos linguísticos do entrevistado.

http://portugues.tdm.com.mo/radionews.php

sábado, maio 20, 2006

O Silêncio dos Culpados



Fez esta semana quarenta anos que foi iniciada a Revolução Cultural na China (1966-1976), lançando o país num remoinho político e num estado de violência com repercussões ainda difíceis de contabilizar. A data passou ao lado das autoridades chinesas que parecem querer apagar as "obras" do regime. Os próprios académicos e historiadores foram desencorajados a não participar em seminários no estrangeiro sobre o tema e a expressão “Revolução Cultural” foi retirada dos motores de busca da Internet. Para que este período da história chinesa não seja esquecido e que sirva de reflexão para as sociedades vindouras, deixo um link de um dos melhores sites sobre o tema:

http://www.morningsun.org/

quinta-feira, maio 18, 2006

LA CHINE DU IIIe MILLENAIRE


http://www.geomagazine.fr/

O último número da revista francesa Geo Magazine dedica uma especial atenção à última revolução chinesa, a revolução económica. As mudanças verificadas no país, rápidas e poderosas, sob a alçada do regime comunista, fazem subsistir a par a opulência financeira com a mais extrema miséria.

Trata-se de um documento fotográfico e documental de excepcional qualidade. Vale a pena adquirir!

terça-feira, maio 16, 2006

O adeus à "mulher de aço"


Xie Qihua, de 63 anos, ficou conhecida como a "mulher de aço", uma das pessoas mais poderosas da China. Acaba de anunciar que vai deixar a presidência do gigante siderúrgico Baosteel. O seu percurso pode considerar-se notável, uma vez que conseguiu converter a Baoshan Iron & Steel, uma empresa estatal estagnada, numa multinacional muito competitiva. Xie foi considerada pela revista Fortune como a segunda mulher de negócios não americana mais poderosa do mundo. Tinha à sua responsabilidade cem mil trabalhadores e uma produção de cerca de 21 milhões de toneladas de aço por ano. Deixa a sua missão com o dever bem cumprido...

segunda-feira, maio 15, 2006

Uma loja da Golden Broker em Vila do Conde



Abriu em Vila do Conde, junto à chamada “Chinatown”, uma loja da Golden Broker para oferecer um conjunto de serviços financeiros à comunidade chinesa local, composta por cerca de 2500 cidadãos. A loja está localizada na Varziela, freguesia de Fajozes, concelho de Vila do Conde, sendo – por certo – o primeiro investimento português pensado para atrair investidores chineses, residentes em Portugal. Esta iniciativa vem contrariar a ideia que os chineses vivem em comunidade fechada, bastando-se a si próprios. O resto da notícia pode ser lida no portal de Macau, Ponto Final:

http://www.pontofinalmacau.com/modules.php?op=modload&name=News&file=article&sid=10121

domingo, maio 14, 2006

The Rise of China



Em 1995, William Overholt escreveu The Rise of China - How Economic Reform Is Creating a New Superpower. Na altura a publicação passou algo despercebida, sobretudo em Portugal, onde ninguém abordava a questão chinesa. Hoje, podemos dizer que Overholt estava certo e esta ainda é uma das principais obras que retrata a emergência económica chinesa.

quinta-feira, maio 11, 2006

Crise na restauração chinesa em Portugal



Após a operação de fiscalização a restaurantes chineses no passado mês de Março, efectuada pela Autoridade para a Segurança Alimentar e Económica, de que resultou o encerramento de 14 restaurantes chineses, a procura destes estabelecimentos caiu em flecha. Há casas "às moscas" e paira a possibilidade de se iniciarem despedimentos.

A atitude é de saudar, por razões de saúde pública. No entanto, não se entende porque a medida, denominada de Operação Oriente, apenas considerou os restaurantes chineses. Gostava de saber porque não se iniciam operações do mesmo género aos restaurantes portugueses e que se divulguem na comunicação social. Estou certo que muito haveria para contar...

O Século Chinês



Escrito por Frederico Rampini, um correspondente em Pequim do La Repubblica, este livro oferece um conjunto de impressões sobre o mais populoso país do mundo. Trata-se de um sucesso de vendas, sobretudo em Itália, sendo o mérito do autor, que teve a arte sublime de aplicar à crónica um estilo solto e colorido, escrevendo uma obra que se lê como um romance. O tema é porém um elemento de importância fulcral para criar esta espécie de fascínio que o livro exerce sobre os leitores. Desde o último quarto de século que a China tem vindo a esboçar uma política de abertura, queimando etapas no seu desenvolvimento social, cultural e sobretudo económico, e alterando completamente o equilíbrio geopolítico mundial. Rampini, com a sua visão ocidental e exercitada em focar o que é essencial, é exaustivo: dá-nos todos os elementos necessários (números incluídos) para chegarmos a uma compreensão realista da China actual. Entre as delicias da narrativa destaca-se a descrição das tentativas do Presidente Hu Jintao purificar o passado, um estudo académico sobre os hábitos sexuais da população chinesa, passando pela explosão da internet.

A China como prioridade


ICEP quer China prioritária
para empresários portugueses


Falando na abertura do III Congresso Profissional - Oportunidades de negócios na China, João Marques da Cruz, o Presidente do ICEP, adiantou que “só nos dois primeiros meses do ano” as exportações para a China cresceram 60% contra a alta de 40 por cento registada ao longo de 2005. A China ocupa já o terceiro lugar no comércio externo português fora da União Europeia.

http://www.jtm.com.mo/news/Hoje/09ultima_d01.htm

A "má conduta" chinesa



O Vaticano deverá suspender as negociações para o estabelimento de relações diplomáticas com a RPC, devido à "má conduta" chinesa. Pequim ordenou recentemente um bispo sem o aval da Santa Sé. Segundo Joseph Zen, o cardeal de Hong Kong, a China aniquilou a confiança em si depositada. " Negoceiam e depois colocam as pessoas perante um facto consumado. É verdadeiramente uma má conduta. É verdadeiramente desleal."

As criticas não têm sofrido qualquer efeito nas autoridades chinesas que se preparam para ordenar mais um bispo sem o aval do Vaticano. A China conta com milhões de católicos divididos entre uma Igreja "patriótica", gerida pelo poder, e uma Igreja clandestina fiel ao Vaticano. Desde o inicio do pontificado de Bento XVI que está nas preocupações deste Papa a normalização das relações com a China, quebradas por Pequim no inicío da década de 50.

quarta-feira, maio 10, 2006

Ventos de mudança


Numa atitude original, a China compensou a mãe de uma das vítimas da repressão do movimento a favor da democracia, em 1989. Zhou Guocong, um adolescente de 15 anos, morreu na sequência dos espancamentos pela polícia, tendo o seu corpo sido depois queimado. A mãe da vítima, Tang Deying, recebeu há poucos dias das autoridades chinesas 70 mil yuans, senso a primeira vez que tal acontece. A activista Ding Zilin, cujo filho também tombou no mesmo protesto, não percebe este gesto do Governo chinês. Disse à AP que “[É] inédito, mas devo dizer que esta ajuda de subsistência não equivale a uma compensação. A compensação significaria que o Governo admitiu ter erradamente matado alguém, e não vejo isso neste caso”.

sexta-feira, abril 14, 2006

A China vista na ONU

Segundo uma notícia via e-mail, o diplomata norueguês Charung Gollar, foi incumbido de apresentar, na ONU, no mês de Janeiro, um gráfico mostrando os principais problemas que preocuparam o mundo no decorrer de 2004.

Gollar, ao que parece, teria apresentado um conjunto de trabalhos gráficos com a bandeira de vários países, denominados de “Poder das Estrelas”. Nesse trabalho procurou fazer uma relação das cores de cada bandeira com os problemas existentes nesses mesmos países. O resultado foi excelente e “foi aplaudido de pé”

A veracidade da informação fica por apurar, no entanto, fica a curiosidade de verificar como o diplomata viu a China…

quinta-feira, abril 13, 2006

A Internacionalização das Empresas Portuguesas e a China


Existem cada vez mais livros sobre a China, mas a recente publicação A Internacionalização das Empresas Portuguesas e a China de Fernanda Ilhéu é o primeiro que a confrontar a China com as empresas portuguesas e o seu processo de internacionalização. A problemática do processo de internacionalização do tecido empresarial português deve ser do conhecimento comum, deve passar para além das empresas, das universidades, dos gabinetes do governo, deve ser uma atitude mental assumida por todos os portugueses.
Ao analisar as novas tendências do mercado global, verificamos que as empresas são empurradas para um processo de internacionalização em que a China tem um papel determinante, porque o que se passa na China afecta o resultado das empresas em todo o mundo.
Este livro identifica as oportunidades que a China oferece, as dificuldades que apresenta, os modos de entrada no mercado chinês, as estratégias mais utilizadas e o processo de negociação com os chineses.

www.almedina.net

domingo, fevereiro 05, 2006

Viajar sim, mas de fraldas...



Milhões de trabalhadores chineses(cerca de 4 milhões de passageiros por dia)estão a regressar às suas terras para festejar o Ano Novo com a família. Com os passageiros a ocupar as bagageiras, as casas de banho, os intervalos entre carruagens, é quase impossível alguém conseguir aliviar-se. As longas horas de viagem e os comboios a abarrotar obrigam os passageiros a recorrer a um dos a um dos mais preciosos equipamentos: uma confortável fralda. Em Foshan, no sul do país, vários supermercados registaram um aumento de 50% nas vendas deste produto.

sábado, fevereiro 04, 2006

Saudações Americanas

Um selo de saudações caninas aos amigos chineses pelo novo ano! Ao fim ao cabo, são eles que detêm a maior parte dos títulos de tesouro e convém tratá-los bem. Diz o ditado que “cão que ladra não morde”, mas pelo sim e pelo não…


sexta-feira, fevereiro 03, 2006

Postal Ilustrado














Shaping fica a 30 Km a norte de Dali, na província de Yunnan. Todas as segundas-feiras realiza-se na pequena localidade o animado mercado semanal. Os Bai descem as montanhas, vestidos com coloridos trajes tradicionais, para comerciar e comer.

terça-feira, janeiro 31, 2006

Atenção: está a ser espiado!

A polícia de Shenzhen concebeu duas personagens para lembrar aos internautas que estão a ser vigiados:

Está a surfar na net? Atenção! Jing Jing (o homem-polícia) e Cha Cha (a mulher-polícia), inspirados nas mascotes dos Jogos Olímpicos, são os vossos compinchas. Jing e Cha são os dois caracteres que compõem a palavra «polícia» em chinês.


quinta-feira, janeiro 19, 2006

Anna Louise Strong


Encontrei uma velhinha edição de Cartas da China nas prateleiras poeirentas de um alfarrabista. É uma publicação da primeira metade da década de 60 da jornalista e escritora americana Anna Louise Strong (1885-1970). Trata-se de uma visão in loco da época imediatamente anterior à Revolução Cultural e dos primeiros episódos do conflito sino-soviético, ainda que muito próxima do regime.




















Mais informações sobre Anna Louise Strong em:
http://www.marxists.org/reference/archive/strong-anna-louise/

(De destacar a entrevista a Mao Tsé-Tung)

quinta-feira, dezembro 22, 2005

terça-feira, dezembro 20, 2005

A oportunidade chinesa

A China das ameaças é também a China das oportunidades. É preciso não voltar as costas a essas oportunidades…

Ano do Macaco

Embora estejamos no ano do Galo, fica a ideia (à distância de um clic).


terça-feira, dezembro 06, 2005

Sugestão de leitura


O Palácio dos Prazeres Celestiais
O enredo desenvolve-se na China, nos finais do séc. XIX. Os estrangeiros residentes na cidade de Shishan são surpreendidos pelas convulsões da revolta dos Boxers, uma brutal rebelião dos camponeses chineses contra a colonização estrangeira e a submissão da dinastia Manchu à dominação europeia. Será neste sanguinário pano de fundo que esta imponente saga nos irá narrar o sensual caso amoroso de Henry Manners, um agente secreto Vitoriano, com Helen Delamere, a bonita filha de um comerciante local, educada num convento. Nesta cidade, a vida social dos estrangeiros gira em redor de Dr. Edward Airton, um compassivo médico escocês que dirige um hospital e uma missão. Mas o seu papel não é apenas este. Tendo-se tornado o oponente filosófico do Mandarim, um omnipotente funcionário local, o Dr. Airton faz a ponte cultural entre o Oriente e o Ocidente. E claro, há também o “Palácio dos Prazeres Celestiais”, o mais célebre bordel da cidade, que tem um papel central na vida dos residentes, tanto dos expatriados como dos locais. Localizado mesmo ao lado da praça das execuções, a patroa é a Mãe Liu, cujo filho, Ren Ren, se distingue pelo seu sadismo. No entanto, à medida que a rebelião vai passando de simples rumores a uma realidade cada vez mais assustadora, os habitantes Ocidentais de Sishan vêem-se compelidos a colocarem-se nas intrépidas mas amorais mãos de Manners. Tudo o resto está no livro...

Postal Ilustrado

Uma vista sensacional sobre Hong Kong. A inigualável fusão da tradição com a modernidade, a confluência do Oriente com o Ocidente, numa cidade dinâmica e vibrante

quarta-feira, novembro 23, 2005

O acordo têxtil sino-americano


No passado dia 8 de Novembro, ao fim de três meses de febris negociações, a China e os Estados Unidos da América assinaram um compromisso sobre o comércio de têxteis e vestuário, que entrará em vigor de Janeiro de 2006 até ao final de 2008. Neste período, a China compromete-se a limitar as exportações de 11 categorias de vestuário e 10 tipos de têxteis, não podendo exceder um aumento de 10% em 2006, 12,5% em 2007 e 15 a 16% em 2008. A indústria têxtil americana, como é óbvio, aplaudiu o acordo por representar uma lufada de ar fresco num sector asfixiado pelas fortes importações vindas da China. Desde Janeiro do presente ano, com o fim do sistema de quotas imposto pelo Acordo sobre Têxteis e Vestuário (1995), que as exportações chinesas registaram um aumento de 50%, representando mais 17,7 mil milhões de dólares de volume de negócios, provocando a falência a 19 unidades industriais e o despedimento de 26000 trabalhadores. Para se ter uma ideia deste fenómeno, nos primeiros cinco meses do ano entraram mais 800 milhões de peças de vestuário naquele país. Por este motivo, os industriais reclamam o accionamento das cláusulas de salvaguarda no âmbito da Organização Mundial de Comércio (OMC), devido a “desequilíbrios de mercado”, o que aliás se tem verificado de forma unilateral pelos americanos.
Os têxteis sempre foram uma questão cálida nos grandes banquetes da diplomacia comercial por se tratar de um sector com elevada incorporação de mão-de-obra, portanto sensível ao domínio social. Por inúmeras vezes o tema conseguiu escapar à mesa das negociações, por habilidade dos países mais desenvolvidos, enquanto, por exemplo, as questões de propriedade intelectual encontraram sempre espaço para serem discutidas. A diferença é que as matérias em causa são para o interesse de mundos diferentes.
A “administração” mundial do comércio têxtil iniciou-se com o acordo Multifibras em 1974, conhecido pela sigla “MFA”, embora já na década de 60 fossem assinados os tratados de Curto e Longo Prazo para regular as exportações de algodão. O grande objectivo passava por tentar acabar com os arranjos bilaterais e forçar o sector a enquadrar-se nas normas do General Ageement on Tariffs and Trade (GATT). Dez anos depois, a China, apesar de não ser membro do GATT, adere ao referido acordo e quadruplica em poucos anos o volume das suas exportações. Em 1994, com o fim das negociações comerciais em Punta del Este, no Uruguai, conhecidas por “Uruguay Round”, foi decidido extinguir-se com o Acordo Multifibras. Aliás, sempre combatido por os países em desenvolvimento, dado que o sistema de quotas é contrário aos dispositivos fundamentais do GATT. Nessa altura criou-se o denominado Acordo sobre Têxteis e Vestuário, que em quatro fases, até ao final de 2004, daria por terminado o período de entraves comerciais. A China ao entrar em 2001 na Organização Mundial de Comércio (OMC), sucessora do GATT, beneficiou do clima contratual em curso. Percebe-se, portanto, que a tendência internacional era para uma crescente liberalização do sector, como é defendida pela doutrina do liberalismo económico. No entanto, os países mais desenvolvidos têm vindo a encontrar soluções para a protecção das suas indústrias domésticas. É isto o que os Estados Unidos têm procurado fazer, contrariando o espírito multilateral acordado no âmbito da OMC. Neste sentido, o tratado agora firmado entre chineses e americanos é uma cartada importante no apaziguamento das dissensões mercantis, talvez das mais complicadas dos últimos anos. Interessa, no entanto, ressalvar algumas particularidades, inter alia, do actual compromisso, que não é manifesto à primeira vista. Dizem os especialistas que esta convenção é do tipo “win-win”, com amplos privilégios para ambos os lados. Mas é realmente assim? O que se poderá esconder na burocracia da mesa de negociações? Primeiro de tudo, poderemos questionar a razão de tanto proteccionismo americano numa área de negócio que representa apenas 6% do total do comércio bilateral. Numa economia tão dinâmica e abundante em sectores de elevado valor acrescentado parece desregrada a preocupação num sector que os Estados Unidos poderão conceder à China, segundo os princípios ricardianos. Como dizia, recentemente, o ministro do comércio chinês, Bo Xilai, “devido às baixas margens de lucro, precisamos de exportar 800 milhões de camisolas para podermos comprar um Airbus A380”. Também não faz sentido que os americanos aproveitem a abertura chinesa para actuar no grande mercado asiático, e não queiram sacrificar nenhum sector interno. Além do mais, os ganhos do comércio têxtil chinês são em grande parte retidas por multinacionais americanas a operar no Império do Meio. As contas mostram que os importadores ficam com 90% dos lucros, enquanto os produtores chineses com apenas 10%. Isto leva-nos a pensar que são outras as questões por detrás das intenções americanas. Em parte, poderá estar a necessidade de mostrar ao povo americano a imagem de um George W. Bush preocupado com sectores tradicionais da economia estado-unidense; por outro, terá a haver com a geopolítica americana. O controlo da china sobre o sector têxtil e vestuário asfixiou outras economias de países em desenvolvimento com quem o governo de Washington mantém interesses económicos e militares. Os Estados Unidos ao deixarem de oferecer o seu mercado interno como contrapartida a esses países, perdem poder negocial. Outra razão, ainda, terá a haver com a intenção de usar o pretexto têxtil para obrigar a China a aumentar o Yuan, a poucos dias de Bush visitar Pequim.
O que é certo é que, enquanto os americanos encontram soluções para barrar as exportações chinesas, a China abriu a sua economia aos interesses internacionais em sectores tão importantes como as telecomunicações e reduziu gradualmente as tarifas aduaneiras. Na China trabalham directamente no sector têxtil e vestuário cerca de 2 milhões de pessoas, e mais 20 milhões em áreas adstritas, o que confere ao problema uma dimensão social que os americanos não querem ver. O rendimento per capita americano é 40 vezes superior ao chinês.
Apesar de tudo, o acordo poderá trazer alguns benefícios para os produtores chineses dado que implementará uma disciplina alfandegária nas fronteiras americanas. É importante para os exportadores chineses saberem com o que contam num país habituado a praticar actos unilaterais e arbitrários. Além disso, a travagem de exportações vindas da China poderá revelar-se uma falsa questão. Muitos empresários, com fortes ligações em toda a região asiática, não terão dificuldade em deslocar a produção para os países vizinhos. Isto significa que a questão têxtil é um dado incontornável e que o presente acordo funciona apenas como um paliativo que irá adiar o problema. Como diz o académico Peter Kilduff, o acordo provocará “um efeito de balão”; ao apertar-se de um lado, a pressão é transferida para outro lugar.

Jorge Tavares Silva

Publicado no Jornal de Negócios de 22 de Novembro de 2005

segunda-feira, novembro 21, 2005

Os chineses são pequenos?

Diz-se com frequência que os chineses são um povo de estatura pequena. Acontece que as estatísticas mostram que têm uma altura média superior à altura média, por exemplo, dos portugueses.

Mais um passo no espaço

domingo, outubro 23, 2005

Sabedoria chinesa

Um sujeito estava a colocar flores no túmulo de um parente, quando vê um chinês a colocar um prato de arroz na lápide ao lado.
Ele vira-se para o chinês e pergunta:
- Desculpe, mas o senhor acha mesmo que o defunto virá comer o arroz?
E o chinês responde:
- Sim, quando o seu vier cheirar as flores!!!


"RESPEITAR AS OPÇÕES DO OUTRO, EM QUALQUER ASPECTO, É UMA DAS MAIORES VIRTUDES QUE UM SER HUMANO PODE TER."

"AS PESSOAS SÃO DIFERENTES, AGEM DIFERENTE E PENSAM DIFERENTE.
NUNCA JULGUE, APENAS COMPREENDA....."

domingo, outubro 02, 2005

À procura do Catai

No século XV os portugueses lançam-se à descoberta do mundo. Em 1419 encontram-se na Madeira, em 1427 nos Açores e em 1487 atingem o cabo da Boa Esperança. Mas o grande desiderato são as terras do Catai. As mesmas que Cristóvão Colombo procura quando descobre a América. Impregnado pelas narrações das viagens de Marco Polo, atinge a ilha de Cuba em 1492 e julga ter alcançado a China. Mais tarde, confirma-se que o Catai e a China são a mesma coisa.

«Assim, a meu ver, o Catai não constitui um reino diferente da China; o grande rei de que fala Polo não é outro senão o rei da China; e por consequência a China é conhecida dos Tártaros e dos Persas, ainda que por outro nome».


Matteo Ricci (sec.XVII)